sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

GP do Bahrein



Promotor do GP do Bahrein anuncia cancelamento da abertura do Mundial

Insegurança e instabilidade política são causas para desistência. Última sessão de testes, programada para o circuito de Sakhir, também não será realizada.

O promotor do GP do Bahrein anunciou o cancelamento da abertura da temporada, que seria disputada no dia 13 de março em Sakhir. Segundo a direção do Circuito Internacional do Bahrein, a decisão se dá por causa da instabilidade política no país árabe, que viveu uma onda de protestos nesta semana. Ainda não foi anunciado se o GP será transferido para outra data nesta temporada. Além disso, os testes coletivos, entre os dias 3 e 6 de março, também foram cancelados.
Com isso, a abertura da temporada 2011 da Fórmula 1 será no GP da Austrália, em Melbourne, marcado para o dia 27 de março. O país árabe vive uma série de protestos e a repressão da polícia aos manifestantes matou três pessoas na última quinta-feira e deixou muitos feridos na capital Manama. As atividades da GP2 Ásia no fim de semana passado foram canceladas porque os médicos da categoria foram chamados pelos hospitais para ajudar no atendimento.

- É triste que o Bahrein tenha de desistir da realização da corrida. Desejamos tudo de bom ao país e que o príncipe possa reunir seu país - lamenta Bernie Ecclestone.

A imprensa inglesa especula que o GP do Bahrein pode ser transferido para o dia 20 de novembro, em uma dobradinha com o GP de Abu Dhabi. Com isso, o GP do Brasil, última etapa da temporada 2011, marcado para o dia 27 de novembro, pode ser transferido para o dia 4 de dezembro.

Salman bin Hamad bin Isa Al-Khalifa, príncipe do Bahrein, ligou para Bernie Ecclestone, chefe comercial da Fórmula 1, para informar a decisão de desistir de realizar a abertura da temporada.

- Sentimos que era importante para o país que nos concentrássemos nas questões imediatas de interesse nacional. A prioridade do Bahrein é na tragédia atual, curando as divisões e redescobrindo a malha que mantém nosso país unido. Precisamos lembrar o mundo do nosso melhor e que somos capazes de permanecer juntos - diz o príncipe.

A F-1, o dinheiro e o GP do Bahrein

A correria dos últimos dias foi grande, mas consegui um tempinho para escrever sobre a suspensão (não é adiamento, já que ainda não há uma data) do GP do Bahrein, que abriria a temporada 2011 da Fórmula 1. Antes de tudo, a decisão, tomada por Salman bin Hamad bin Isa Al-Khalifa, príncipe do Bahrein, foi acertadíssima. Apesar de eu acreditar que o governo bahrenita seria capaz de prover segurança para a realização da corrida, não há clima no país para a realização de um evento esportivo como a maior categoria do automobilismo mundial. Além disso, era expor pilotos e equipes a um risco desnecessário, dada a violência da polícia local na repressão dos protestos. E, por último, seria uma enorme mancha na imagem da F-1.

Só que o fato de eu concordar com a suspensão não quer dizer que eu concorde com a postura de várias pessoas ligadas à Fórmula 1 nos últimos dias. A pressão para o cancelamento da corrida no Bahrein foi enorme, mas a categoria, por exemplo, acabou de renovar o contrato do GP da China, que é realizado no insosso circuito de Xangai. Ora, o país asiático também não restringe os direitos dos cidadãos com, por exemplo, o bloqueio a vários sites da internet? Não reprime de forma violenta os manifestantes? Não tem uma penca de prisioneiros políticos? E alguém questiona – por estes motivos, é claro – a realização de uma corrida na China? Nem perto disso, é claro. Ora, meus caros. O que move a F-1 é apenas e tão somente o dinheiro.

A demora para o anúncio da suspensão da corrida se deu, pura e simplesmente, por motivos econômicos. Nem Ecclestone e nem o príncipe do Bahrein queriam amargar o prejuízo, que ficaria em torno dos US$ 40 milhões (aproximadamente R$ 70 milhões), valor que o governo bahrenita tem de pagar à Formula One Management (FOM) de Bernie, para receber a corrida. Um acordo foi costurado e o príncipe acabou por cancelar a prova, com o chefe comercial da categoria assumindo a responsabilidade de fazer o máximo para remarcar a corrida ainda em 2011. Em um primeiro momento, nenhum dos dois lados sairia prejudicado. Uma troca de favores, em suma. A F-1 de Bernie hoje depende muito do dinheiro vindo destes países árabes.

Enquanto isso, os fãs aturam corridas nas pistas insossas construídas por Hermann Tilke, o “arquiteto oficial”. As tradicionais, como Spa-Francorchamps, correm risco todo ano de não receberem um GP. Se analisarmos pelo aspecto esportivo, é algo péssimo. Economicamente, ao menos para quem manda na Fórmula 1, é vantajoso. Por isso estamos vendo reclamações de várias sedes da categoria, como Melbourne, Barcelona e Valência, contra as altas taxas cobradas por Ecclestone para ter a categoria em seus circuitos. Estamos chegando muito perto do momento em que teremos problemas para manter o calendário nas atuais 19 ou 20 corridas. Ao mesmo tempo, as equipes, protagonistas do show dentro das pistas, querem receber uma fatia maior do bolo – justamente, diga-se de passagem. O modo de gestão de Ecclestone parece perto da falência.

Por isso, meus amigos, não se iludam. A Fórmula 1 raras vezes se dobrou a fatores políticos externos e não cederia exatamente agora. A suspensão do GP do Bahrein só se deu após um acordo econômico entre as duas partes. Simples assim. E a solução mais factível, pelo que vi até agora, é enfiar a corrida em Sakhir no dia 20 de novembro, após o GP de Abu Dhabi, empurrando o GP do Brasil para 4 de dezembro. A data deve coincidir com a última rodada do Brasileirão 2011. Ou seja, seria um desastre para os promotores brasileiros, que perderiam boa parte do retorno de mídia, brigando com o futebol. Mas para Bernie Ecclestone, a diferença é mínima. Seu lucro será o mesmo, com a taxa paga pelos promotores da corrida. E assim caminha a F-1.



Após cancelamento, Williams afirma que não iria disputar o GP do Bahrein

Adam Parr, presidente da equipe, confirma intenção de boicotar corrida por causa dos protestos e da instabilidade política que o país árabe está vivendo

Adam Parr, presidente da Williams, disse que sua equipe deveria boicotar o GP do Bahrein, caso ele não fosse cancelado. Na segunda-feira, o país árabe tomou a decisão após uma série de protestos e a repressão da polícia aos manifestantes, que matou três pessoas na última quinta-feira e deixou muitos feridos na capital Manama. As atividades da GP2 Ásia no fim de semana passado foram canceladas porque os médicos da categoria foram chamados pelos hospitais para ajudar.

- A decisão tomada pelo rei e pelo príncipe do Bahrein foi a mais acertada. Mesmo que eles não se decidissem, não acho que a Williams teria ido ao GP. Acho que as outras equipes da F-1 tomariam a mesma decisão. Se tivéssemos ido, a situação seria pior, pois existiria um alvo para os protestos e a imprensa internacional presente - diz Parr, em entrevista ao site da revista inglesa "Autosport".

Bernie Ecclestone, chefe comercial da Fórmula 1, e os organizadores do GP do Bahrein já deixaram claro que pretendem fazer com que a corrida retorne logo ao calendário desta temporada. Parr disse que existe uma tentativa para encaixar a prova ainda em 2011, mas a situação política do país será decisiva para a decisão, assim como o clima na região.

- Acho que todos vão tentar recolocar a corrida no calendário, mas não estou certo por causa do tempo. Ficará complicado porque já temos vários deslocamentos programados. Mas é claro que a situação política tem de melhorar. Não estou certo se teremos outra data no momento.

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